Uma imagem inédita revela um jato de plasma “quebrado” saindo do centro da galáxia OJ 287, fortalecendo a teoria de que ela abriga dois buracos negros supermassivos em processo de fusão.

O registro, obtido por uma equipe internacional liderada pela astrônoma Efthalia Traianou, da Universidade de Heidelberg, revela detalhes nunca vistos desse raro fenômeno cósmico.

Resumo dos achados:

  • OJ 287 é um blazar, galáxia com jatos quase direcionados à Terra;
  • Possui dois buracos negros: um com ciclo de 60 anos e outro, menor, de 12;
  • A gravidade do menor pode estar distorcendo o jato principal;
  • A nova imagem mostra um jato tortuoso, com três dobras bem definidas;
  • Futuras missões podem detectar ondas gravitacionais desse sistema.

Classificada como blazar — um tipo de quasar visto de frente —, OJ 287 tem um núcleo alimentado por um buraco negro supermassivo que consome grandes quantidades de matéria, formando um disco de acreção. Parte desse material é ejetada em jatos de partículas quase à velocidade da luz, parecendo mais brilhantes por estarem voltados em nossa direção.

A galáxia se destaca por seus ciclos luminosos previsíveis. O buraco negro menor, com 150 milhões de massas solares, orbita o maior, que possui 18 bilhões de massas solares. A cada 12 anos, o menor atravessa o disco do maior, criando temporariamente seu próprio jato — transformando o sistema em um raro quasar duplo.

A nova imagem, feita com dados combinados do radiotelescópio VLBA e do satélite russo RadioAstron, revela um jato deformado, com variação de inclinação de 30 graus ao longo de três anos de observação. Isso sugere a influência gravitacional do buraco negro secundário.

Imagem da galáxia OJ 287 revela pela primeira vez a estrutura acentuadamente curva do jato de plasma emitido do núcleo, onde habitam dois buracos negros. Crédito: Efthalia Traianou/Universidade de Heidelberg

Segundo Traianou, essa é a observação mais detalhada já feita da estrutura de OJ 287. Os dados também mostram uma onda de choque dentro do jato, que liberou radiação de alta energia captada por telescópios espaciais como o Fermi e o Swift.

Algumas regiões do jato parecem atingir até 10 trilhões de graus Celsius — uma ilusão causada pela irradiação relativística, onde objetos muito rápidos parecem mais brilhantes por efeito Doppler.

OJ 287 é um valioso laboratório natural para estudar fusões de buracos negros e ondas gravitacionais. Embora a colisão final ainda esteja distante, o sistema já emite ondas fracas. A missão LISA, da ESA, prevista para a década de 2030, poderá detectar essas emissões e fornecer novas pistas sobre fusões cósmicas.

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